sexta-feira, janeiro 08, 2016

Sai Lopetegui, regressa o Zé do Boné

Porque exprimir o portismo quando se está na mó de cima é muito fácil e porque é nas horas menos boas que mais que nunca os adeptos se devem fazer ouvir, retomamos as publicações neste blogue embora sem promessas de publicações regulares. Será quando tiver que ser e conforme a inspiração mas sempre com a mesma tónica: F.C.Porto acima de tudo!




Ao que tudo indica, chegou ao fim o ciclo Lopetegui no Porto. O treinador espanhol não resistiu ao mau ambiente que se foi criando à sua volta e também em torno da equipa, isto após um péssimo arranque de ano. O último e inglório empate diante do Rio Ave acabou por ser o golpe final numa situação que já vinha arrastando há demasiado tempo.

Lopetegui chegou ao Porto prometendo muito ao trazer consigo a aura de um treinador campeão europeu com as "Rojitas" de sub-19 e sub-21 e, ao mesmo tempo, sendo também um elemento decisivo (mas não exclusivo já que o prestígio internacional do F.C.Porto também contou) para trazer para o Dragão vários jogadores de nomeada.

Infelizmente a vida não foi fácil para o basco em Portugal. Cedo começou a cobrança, quase mal chegou a Portugal, sendo a nacionalidade do treinador e a predominância de espanhóis no plantel armas de arremesso que de vários quadrantes caíram em cima de Lopetegui.

Também desde cedo se começou a sentir que Lopetegui estava sozinho contra o Mundo. Era ele quem afrontava as instituições e comunicação social mais afoita a destacar o bom de Lisboa e o mau do Porto do que fazer um tratamento equilibrado dos factos, algo a que já estamos sobejamente acostumados. 

Veja-se por exemplo a forma como a não convocatória de Ricardo Quaresma para o Mundial 2014 foi tratada pela comunicação social e compare-se com o alarido de que foi alvo o facto de não ser primeira opção de Lopetegui na época passada. Primeiro era um arruaceiro que não merecia jogar, por se ter travado de razões com um jogador do Nacional, e depois já era um talento incompreendido por um técnico estrangeiro que preferia jogadores da sua escolha pessoal.

Veja-se também a diferença entre o tratamento dispensado às reclamações de Lopetegui em relação à arbitragem (o colinho que na fase menos boa do Benfica, no ano passado, conseguiu manter os encarnados vivos) e as do sacro-santo Jesus, então de vermelho equipado. Sintomático.

Da SAD portista, sobram os dedos de uma mão para contas as vezes que saiu alguém a terreiro para defender o técnico. Só me lembro das recentes declarações de Pinto da Costa, antes do final do ano de 2015. De resto nada! Lopetegui esteve sempre isolado contra tudo: a comunicação social e os adeptos, mais depressa contagiados por aquilo que é negativo do que pelo que é positivo.

É certo que Lopetegui tem responsabilidades no que aconteceu mas não é o único responsável. A obsessão do basco pela rotatividade jogou várias vezes contra si ao impedir a estabilidade da equipa. Várias foram as situações em que, após um conjunto de boas exibições e quando se pedia estabilidade, o treinador decidia mudar mais de meia equipa, resultando daí um resultado menos bom.



Também a táctica pode ser questionada, ao privilegiar a posse de bola sem acutilância, valendo não raras vezes o génio individual deste ou daquele jogador para resolver o jogo.

Já aqui falei dos adeptos mas volto ao tema. Tem-se notado nos últimos anos uma mudança de comportamento de grande parte dos adeptos do F.C.Porto, um certo -passe a expressão- aburguesamento reivindicativo. Manifestam-se mais na crítica do que no apoio e quando assim é, a equipa perde o 12º jogador para o adversário. Veja-se a diferença em termos de comportamento em relação aos adeptos de outras paragens, mais a Sul, sempre prontos a fazer-se ouvir em alto e bom som contra o adversário e infernizando a vida aos árbitros. No Porto é diferente, chegando-se a ouvir assobios logo nos primeiros minutos de jogo... dirigidos ao próprio F.C.Porto! 

Os jogadores também têm a sua quota-parte de responsabilidade. Com intranquilidade é mais complicado render, é certo, mas é notório que há alguns "craques" mais interessados em mostrar-se para conseguirem bons contratos noutras paragens do que em lutar pela equipa. Outros há que não parecem interessados em coisa nenhuma a não ser no pagamento no final do mês. Sinais claros que a liderança já se tinha diluído.

Se isto não muda, só muito a custo os títulos voltarão ao Dragão até porque, se a cada treinador nenhum tempo é dado e a cobrança começa precocemente, não haverá tranquilidade nem confiança para desenvolver trabalho. 

A questão que irá dominar os próximos tempos é quem será o novo treinador do Porto, sendo avançados vários cenários: Nuno Espírito Santo, nesta altura um treinador livre e já várias vezes elogiado por Pinto da Costa, André Villas-Boas, que já manifestou o seu descontentamento em São Petersburgo, Luís Castro, que tem conduzido os B num percurso notável na II Liga, entre outros.

A última opção será para mim a menos desejável pois isso significaria expor novamente o bom profissional que é Luís Castro a uma situação altamente desgastante e estragar aquilo que tem sido um excelente trabalho de valorização de jovens. Villas-Boas será nesta altura pouco provável, visto que está ainda em contrato com o Zenit e o clube russo não estará muito receptivo a ficar sem o seu treinador a meio do campeonato, com tanto ainda em jogo. Nuno Espírito Santo, já várias vezes elogiado por Pinto da Costa, será para já a opção mais provável mas só os próximos dias dissiparão as dúvidas. Acredito que o facto de conhecer previamente os cantos à casa para acelerar a integração será sem dúvida um factor de peso na decisão.

Até lá, a única coisa que importa é apoiar o F.C.Porto e os seus jogadores, já na próxima jornada contra o Boavista. O campeonato está ainda totalmente em aberto e todos irão ainda perder pontos pelo que tudo pode acontecer.

A Lopetegui resta agradecer pelo tempo como treinador do Porto e lamentar que não tenha tido mais sucesso. Pessoalmente, era uma figura com quem simpatizava, alguém com um discurso assertivo e que não fazia das conferências de imprensa as peixeiradas a que se assiste por aí. Desejo-lhe sinceramente muita sorte no futuro, excepto se reencontrar o Porto como adversário.




5 comentários:

apostas betclic disse...

Parabéns pelo regresso do blog!

O Lopetegui acho que nunca entendeu a essência e a mística do FCP! Mas é certo que, para construir equipas, é preciso que o treinador tenha estabilidade.

O Villas-Boas é um bom treinador mas, como diz a canção, "nunca voltes a um lugar onde foste feliz". Será difícil conseguir fazer melhor do que numa época em que ganhou tudo, e é isso que os adeptos terão como expectativa!Vamos ver se em breve é satisfeita a curiosidade sobre quem vai ser o novo treinador.

David Caetano disse...

Obrigado pela simpatia das palavras.

Sim, sem estabilidade é mais difícil desenvolver trabalho com qualidade. Já sobre Villas-Boas, concordo em parte. Já tivemos casos que foram bem exemplo disso (como a 2ª passagem de Ivic, por exemplo) mas também não será menos verdade que dentro da necessidade de entender a mística e de rápida adaptação, seria o Villas-Boas seria uma opção interessante. A ver vamos!

dragao vila pouca disse...

Ainda bem, desde que o Zé do Boné se calou, as coisas pioraram.
Abraço

David Caetano disse...

DVP,então não achas que nós percebemos isso? :) O pessoal anda muito murchinho.

Penta disse...


regresso muito assertivo. faltam vozes lúcidas no Reino da Bluegosfera, como a do prestigiado blogger Vila Pouca.
assim sendo, faço votos para que haja uma regularidade nas publicações. fica aqui registado o meu apelo para que tal aconteça.

abr@ço
Miguel | Tomo III